sábado, 30 de abril de 2016

A prática de cópias nos blogs e sites de informação da região

Por: Beatriz Souza

Na última quinta feira (28) Uma mulher de 53 anos morreu no Hospital Regional de Juazeiro e existe a suspeita da morte ter sido causada pela gripe H1N1 e há outros casos da doença sob investigação. A noticia chamou a atenção da população e correu os blogs da região.

Após analisar algumas matérias publicadas sobre o assunto nos  blogs Vale Noticia; Carlos Britto; blog do Pr Hélio Amaral e nos sites de informação:  Bahia no ar e Correio 24 horas percebo que em sua maioria as matérias saíram as mesmas, e todas elas são notas superficiais, que esclarecem pouco sobre o caso.

É notável a prática da cópia sem freios feita pela maioria desses blogs e sites de comunicação, sendo assim, acredito que o conteúdo dos textos devem ser considerados no mínimo duvidoso. Nos textos (cópias) analisados percebo que se o leitor não souber o que é a gripe H1N1, como se prevenir, quando surgiu, quais os riscos, o por que de se noticiar o acontecimento, ele vai continuar sem saber, por que não há essas informações contidas nas matérias.

Entendo que a informação e conhecimento devem ser compartilhados, mas no campo do jornalismo é imprescindível ter cuidado com o que se publica (e se cola) na internet. Outro péssimo hábito de muitos blogs é a ausência de citação de fonte e de autor ao reproduzir informação. Poxa, já que não quis ir atrás da informação, não custa creditar o texto e a foto.

O Dia D da vacinação contra a gripe H1N1 que não houve em Juazeiro

Por Elinete Carvalho

A internet trouxe a possibilidade de acréscimo de interatividade no campo da comunicação, porém o grande problema é a veracidade das publicações dos casos e o fluxo de informações sem riquezas de apurações para o processo de construção da notícia.

Neste sábado, dia 30 de abril, acontece o Dia D da vacinação contra a gripe H1N1. Durante todo o dia unidades de saúde dos estados brasileiros estão de portas abertas com o objetivo de aplicar a vacina. A campanha nacional  tem como objetivo chamar a atenção da população para o risco da doença.

A Secretaria de Saúde de Juazeiro informou que na cidade não está acontecendo nenhuma mobilização do dia D da campanha nacional contra o vírus da gripe H1N1 em virtude do baixo estoque de doses da vacina.

O portal Gazzeta e o Diárioda Região publicaram, na versão online, uma nota da secretaria informando à população o motivo dos postos de saúde da cidade não aderirem a campanha. Em ambos, as informações contidas na notícia são as mesmas, ou seja , o release enviado pelo assessor da secretaria de saúde, informações vagas sem nenhum aprofundamento do fato.

Até o título da noticia é o mesmo "Juazeiro não terá ‘dia D’ contra a gripe H1N1 mas vacinação continua".A ênfase da notícia identificado pelo título é o fato de Juazeiro não ter participado do Dia D da campanha e não a probabilidade de aumentar os risco da população que ficou sem aplicação da vacina. Em seguida vem a explicação do superintendente de humanização e promoção a saúde de Juazeiro, informando como os postos de saúde irão aplicar a vacinação.

A abordagem sugere que existe uma posição  política e sistemática do fato na construção da notícia, que afeta a escolha para dar publicidade a determinado órgão público, para isso omite-se dados e outras informações mais relevantes e que a população precisa saber, como a quantidade de pessoas que já foram vacinadas, o percentual de pessoas imunizadas dentro do grupo prioritário. Além disso, não há o posicionamento de um dos  lados essenciais na construção da notícia, o  público.

Concluí-se, portanto, que os portais e blogs da região estão cheios de informações particularizadas, há informação demais, numa velocidade exponencial e ao invés de apurarem e noticiarem fatos de interesses social e do público geral, reproduzem notícias e, consequentemente, ajudam no trabalho do assessor de imprensa a de promover seu assessorado. 

A Caverna de Platão (ou de Petrolina)

Por Dayane Késia A.  da Silva
            É sempre bom sair da zona de conforto em que vivemos para reconhecer as verdades que nos rodeiam. Durante esta semana a revista CartaCapital exerceu esta atividade aos olhos de seus leitores e levantou  indagações sobre a história e o contexto da realidade de Petrolina-PE, pouco conhecida e questionada por sua população.  
            Tal matéria traz como título "Petrolina e o coronelato" e faz referências as linhas políticas, econômicas e sociais que a cidade vive. O ponto central de seu questionamento foca na desigualdade da cidade que apresenta PIB per capita de 15.334 reais, mas que passa uma linha imaginária e separa as classes sociais pelo pecúlio.
            A CartaCapital é uma revista semanal de grande repercussão nacional que destinou ao entorno do Velho Chico uma breve narrativa sobre o seu contexto. É interessante pensar que esta revista deu notoriedade ao assunto que os próprios meios de comunicação da região deveriam dar, por possuir maior autoridade ao falar de seus próprios problemas.
            É relevante pensar como muitas vezes os nossos problemas são reconhecidos pelos que não fazem parte dele e tentar encarar de fora essa situação parece apresentar um percentual melhor de entendimento. A CartaCapital mostrou o que os leitores deveriam ver nos meios de comunicação da própria região e que não é encontrado.
            A falta de agendamento sobre os problemas diz muito sobre os meios de comunicação, ou é por falta da própria percepção de aprofundar a questão ou isso já é algo proposital dos veículos por fazer parte desse "cartel de coronelato", no intuito de esconder mesmo a verdade dos fatos.
          Platão em uma de suas Parábolas mais famosas, conhecida como o Mito da Caverna, descreveu da seguinte forma a realidade humana: "No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali. Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, sem poder ver uns aos outros ou a si próprios. Atrás dos prisioneiros há uma fogueira, separada deles por uma parede baixa, por detrás da qual passam pessoas carregando objetos que representam "homens e outras coisas viventes". As pessoas caminham por detrás da parede de modo que os seus corpos não projetam sombras, mas sim os objetos que carregam. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás deles, e veem apenas as sombras que são projetadas na parede em frente a eles. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade".
            Podemos fazer uma relação entre o Mito da Caverna e o jornalismo da região, os meios muitas vezes trazem uma parte da realidade - e mesmo sabendo da dificuldade de saber  da totalidade dos fatos - o maior pecado está em não conhecer a profundidade dos problemas ou excluir determinados fatos por receio de penetrar em um universo que descubra outros fatos. É preciso banhar os meios com os próprios problemas para que o olhar do leitor seja emancipado e para que se sinta o verdadeiro gosto do Velho Chico.





Jovem morre no trânsito de Petrolina e veículos de comunicação online repercutem mal o fato

Por Lucas Sobreira
A morte de um jovem de 18 anos, ontem (29), no cruzamento das Avenidas da Integração e a Senador Darci Ribeiro em Petrolina (PE), chocou por mostrar mais um indicio da grande violência do trânsito local. Diversos blogs, portais de noticias, a TV e as rádios locais repercutiram o acidente. Nesta crítica iremos analisar como o blog do Geraldo José e o G1 Petrolina noticiaram o fato.

Ás 14h, momentos após ter ocorrido o acidente de transito envolvendo o motociclista e um ônibus da empresa "Viva Petrolina", o blog do Geraldo José divulgou o fato, mas com poucas informações. O blog subtraiu da matéria o nome da empresa de ônibus envolvida no acidente. O nome do jovem até aquele momento, segundo a reportagem, não tinha sido revelado. Foi levantado a informação de que ele era funcionário de uma oficina mecânica nas proximidades e que tinha acabado de sair para o almoço no momento do acidente. No fim da matéria o blog diz que ao longo do dia iria atualizar a audiência sobre o acidente, mas não o fez.  

O blog do Geraldo José não ampliou o fato, não contextualizou sobre o crescimento da violência no transito da região e nem posteriormente sobre as causas do acidente e das possíveis imprudências de trânsito cometidas pelos motoristas dos dois veículos.     

Já o G1 Petrolina noticiou o caso às 16h com mais tempo para apurar os fatos, mas mesmo assim não o fez. Com uma pequena nota de três parágrafos, o site mostrou o nome da empresa de ônibus e que o corpo do jovem (ainda sem identificação) foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML) e que o laudo da morte deveria ser divulgado em 10 dias. Assim como o blog do Geraldo José, o site do G1 Petrolina não contextualizou o fato e a violência no transito da cidade. Não procurou a empresa de  ônibus para dar a sua versão do ocorrido.  


Os dois veículos aqui pesquisados não se mostraram cuidadosos com o trato da informação, com a pesquisa, com a repercussão do fato grave e com a atualização ao longo do dia sobre o assunto. Atualização essa muito importante para quem faz jornalismo online, onde o leitor sempre quer saber mais sobre a informação que acabou de ver.    

Não teremos mais o dia “D” da Vacinação contra H1N1

Por: Lidiane Lopes

O blog de Carlos Brito carrega já em seu título uma certeza da morte de uma mulher de Juazeiro, que segundo o blog estava com o vírus H1N1. O título diz o seguinte:“Mulher morre em hospital de Juazeiro com suspeita de gripe H1N1”, mas no decorrer da sua matéria ele diz que ainda não foi confirmado a causa da morte, estão esperando resultados dos exames médicos. Só que o blog levanta suposições e certezas que a moça morreu por causa do Vírus. O descuido com a informação é um crime aos seus leitores, apurar é preciso, evita contradições.

O blog no decorrer da noticia levanta-se uma suspeita sobre outros casos, diz, “Outros dois casos da doença estão sob investigação”, despertando medo nos moradores da região, mas não tem o cuidado de procura uma posição da Secretaria de Saúde do Município de Juazeiro, para esclarecer mais sobre o caso, nem a família da vitima ou o hospital para mais confirmações para sair do suposto e do suspeito. A matéria termina avisando que neste sábado (30) seria o dia “D” da campanha de vacinação contra o vírus da gripe H1N1, mas por falta de remédios nos postos de saúde teve que ser adiado. Os postos encontram-se com estoque baixo.

O diário da Região foi mais a fundo e fez seu trabalho de investigação para informar a população mais sobre o descaso com a saúde. O seu título é claro “Juazeiro não terá ‘dia D’ da vacinação contra a gripe H1N1, mas vacinação continua”, o título já chama atenção do leitor, “Não terá mais dia “D” de vacinação”, mas faz uma ressalva “Mas a vacinação continua”, eles despertam curiosidade ao leitor e atrai a ler conteúdo da matéria. No desenrolar eles colocam a posição da Secretaria de Saúde explicando a falta de verba, pois o Ministério da Saúde tem fornecido as doses semanais e são poucas para estocar os postos com o remédio no dia “D” contra o vírus e por isso a um adiamento ao dia da campanha e vacinação.

Eles também deixam bem claro na fala da Superintendente de Saúde de Juazeiro, Klynger Farias, que ainda assim na dificuldade a Secretaria está cuidando do seu povo, diz Farias, “Iremos continuar a campanha em nossas unidades durante a semana, nosso estoque não está zerado”, ela complementa fazendo uma observação, “Os novos lotes estão sendo entregues pela Secretaria Estadual de Saúde de forma fracionada, e em pouca quantidade, o que impede a realização do ‘Dia “D” e declara, “É importante frisar que muitos outros municípios também estão prejudicados”.

O descuido do jornal Diário da região foi em publicar um release da Prefeitura da Cidade e não mostrou capacidade de investigação própria ou não correu atrás de um conteúdo diferenciado. Cadê a fala da população sobre esse descaso na saúde, cadê os questionamentos a Prefeitura sobre essas pequenas verbas, o porquê do Ministério de Saúde está mandando poucas doses da vacina? Falta apuração, ou talvez tenham fechado os olhos e assumido uma posição passiva diante o governo atual, sem criticá-los, sem questiona-los, sem informar de fato ao cidadão a verdadeira noticia. 



 


Fonte: Whatsapp

Por Cora Macedo

Nada contra o uso das informações passadas pelo aplicativo gratuito Whatsapp Messenger. Na verdade, ele facilita e muito a produção jornalística, dada sua instantaneidade de informações, no entanto, essa mesma característica deve ser vista com muito cuidado pelo jornalista principalmente, já que muitas notícias, imagens e áudios fake acabam viralizando rapidamente. Uma notícia uma vez divulgada é como um punhado de areia lançado ao vento.

Quem nunca recebeu áudio de um suposto parente de uma vítima ou testemunha de um caso chocante falando sobre? Imagens fortes e nada éticas de acidentes? Informação de que um carro preto está pegando crianças a noite? Essas informações que chegam pelo aplicativo são um perigo! Principalmente nos grupos. Pode ser verdade, mas também pode não ser. Para os meios de comunicação,  então, o cuidado deve ser redobrado e a apuração, minuciosa.

Essa semana aconteceu um acidente envolvento uma moto e um ônibus coletivo na Avenida da Integração em Petrolinae e a notícia se espalhou rapidamente, principalmente pelo whatsapp. Diversos sites de notícias e blogs da região noticiaram o fato. Vamos analisar, especificamente do que foi veiculado nos blogs do Carlos Britto e do Geraldo José.

No Blog Carlos Britto, a informação era que o acidente teria acontecido na manhã do dia 29/04, na Avenida da Integração e o condutor da moto teria tentado ultrapassar o ônibus da Empresa Viva Petrolina, quando aconteceu o acidente fatal. A fonte da notícia foi dada como sendo "informações via whatsapp do blog" e o crédito da imagem "divulgação whatsapp". Esse tipo de fonte deixa a matéria pobre e questionável. Será que foi realmente isso o que aconteceu? Quem disse? Não tem fala da Polícia ou Samu, ou mesmo, essa "informação via whatsapp" não traz o nome de quem realmente falou, que poderia ter sido uma pessoa que testemunhou o ocorrido, por exemplo. Será que é realmente essa a imagem do local? Quem estava lá e registrou?

No Blog do Geraldo José, o mesmo acontecido traz uma foto do mesmo local com a mesma moto e ônibus, mas numa ângulo pouco difente. Sem crédito só pra imagem, apenas a assinatura embaixo do texto: "da redação". As informações presentes são basicamente as mesmas, mas sem o nome da empresa do ônibus possivelmente envolvido no acidente. No segundo parágrafo diz que o blog entrou em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Petrolina para saber a identidade da vítima, mas não tinham essa informação ainda. Iam continuar buscando mais informações e o leitor poderia acompanhar em breve. A notícia foi publicada às 14h10 do dia 29, e não foi mais atualizada.


Nem uma das duas matérias dá nome aos autores das fotos ou quem deu as informações. O primeiro diz que a notícia veio via whatsapp, mas quem? O segundo nem crédito tinha, mas contatou o SAMU. Não é possível saber se o modo como aconteceu foi dado pelo serviço de urgência ou se a fonte foi também o aplicativo. Ademais, se não era esse o local do acidente ou se não foi isso o que de fato aconteceu, acabou de se tornar. Quem vai dizer que não?

Um acampamento e vários enquadramentos

Por Dida Silva


Iniciou na última quarta-feira (27) em Petrolina, sertão pernambucano, o Acampamento Popular pela Democracia, evento criado em 10 de abril para acompanhar o processo de discussão do impeachment no Congresso Nacional. O acampamento é composto por movimentos populares, centrais sindicais e entidades estudantis, sendo realizado em várias cidades do país. Na cidade a organização do acampamento é realizado pela Frente Brasil Popular.

O acampamento em Petrolina foi montado na Praça Dom Malan, ao lado da Igreja Catedral, no centro. Na sua programação constam inúmeras plenárias, além de apresentações culturais e se estende até o dia 30 de abril. O intuito do evento é chamar atenção da população para o processo de Impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que no momento tramita do Senado.
Os blogs da região pautaram o evento, obviamente com suas peculiaridades e parcialidade no momento político atual. O blog Ponto Crítico trouxe contextualização para abordar o assunto, trazendo atenção para o que ocorre no Senado, além de abordar a causa da instalação do acampamento na cidade, pela proximidade com senador Fernando Bezerra Coelho. Além de salientar outras manifestações ocorridas na região a favor da democracia e contra o golpe. Porém, faz seu posicionamento quando utiliza a palavra “inconsistente” referindo-se ao processo de interrupção do governo da presidente Dilma Rousseff.

Quando faz abordagem ao acampamento, o blog Edenevaldo Alves utiliza de poucas palavras e dá somente a localização, período e a programação. Contudo, no final da matéria deixa escapar seu posicionamento político quando diz que os organizadores querem chamar a atenção da população para o que acontece no Senado, o que esses chamam de “golpe”, dessa mesma forma com aspas para enfatizar.

Com relação ao mesmo assunto o blog 60graus apresenta a matéria trazendo uma bandeira do Movimento dos Sem Teto- MST, destacando a presença de uma liderança do movimento, além de um integrante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de Pernambuco. O blog apresenta para o público um viés dos movimentos populares, visto que deixa claro quem organiza o evento, o propósito, a programação. Porém, é breve na sua abordagem, como se deixasse para o leitor buscar o seu posicionamento. Tenta manter a sua imparcialidade, sendo suscito, porém puxando o viés do acampamento, visto que seu título é para o MST.


As matérias que são veiculadas a todo o momento pela “Nossa Mídia de Todos os Dias”, nos deixa sempre o sabor de que não é isso que queremos. A Democracia é o que queremos para o Brasil, mas também uma mídia não partidária, sim imparcial e deixe aos leitores o papel que lhes cabem de serem parciais, mas com suas próprias análises.