Lucas Sobreira
A crise econômica está
afetando a maioria dos trabalhadores brasileiros, aqui no Vale do São Francisco
estamos na contramão dessa estatísticas, apesar de alguns setores estarem recuando
na oferta de empregos, em outras áreas estão sendo gerados, como no setor de
serviços. Prova disso é que Juazeiro está nas primeiras posições de geração de
empregos no país, Petrolina não fica atrás. Mas o setor que mais têm se
beneficiado da crise, e consequentemente da alta do dólar, é o de fruticultura
irrigada que está vendo suas vendas para o exterior aumentarem em mais de 100%.
Em matéria publicada no G1 -
Petrolina, no dia 18 de maio fala justamente disso: "Cresce em quase 121% a exportação de frutas do Vale do São Francisco". A reportagem fala com os
produtores entusiasmados, que falam que apesar da diminuição das vendas no
mercado interno, o externo supre a demanda. Há também na matéria a fala do vice-prefeito,
deputado federal e agrônomo, Guilherme Coelho, sobre a sua nova jornada na
Câmara Federal em defesa dos projetos irrigados da região.
Questionamos o por que de
Guilherme Coelho ser um dos entrevistados, já que ele pertence a família dona
do portal e a matéria está claramente direcionada para mostrar as benfeitorias
que ele pretende realizar como na frase: "Ele diz que sua atuação será
voltada para defender o setor produtivo agrícola e apoiar o incentivo à
exportação das frutas do Vale do São Francisco". Foi muito estranho ver
isso no G1 - Petrolina, altamente elogiado na região pela sua objetividade e
imparcialidade.
Outro fato muito triste de
toda a nossa mídia local é se vangloriar dos feitos no mercado de agricultura,
sem olhar os problemas que isso causa, como a desigualdade social, pois a
riqueza gerada por esse setor vão para as mãos de grandes latifundiários, a
maioria forasteiros. O trabalho semi-escravo dos trabalhadores rurais, vítimas
de uma jornada exaltante e de doenças causadas pelos agrotóxicos. E a
degradação do rio São Francisco que essa agricultura extensiva causa, não são
mostrados pela mídia.
Por que não se mostra esse
outro lado? Queríamos que ficasse essa reflexão para os que trabalham com a
comunicação fazerem algo diferente, pois o jornalismo é tudo menos estático, é um
instrumento sujeito a mudanças, a novas abordagens.
A disciplina Crítica da Mídia
é muito importante para a formação dos futuros comunicólogos, através de uma
abordagem real e de observação da mídia, dos processos de construção das
matérias, da história dos meios de comunicação localmente.
Por meio do blog "Observatório
da Mídia do Vale do São Francisco" pudemos escrever sobre como são feitas
as matérias, como elas são trabalhadas, qual o foco do autor, qual o viés político
que está na sua construção. Claro que essa observação de início, após várias
leituras e discussões em sala de aula, que nos deram embasamento para o
trabalho. Como sempre é dito pela professora que ministra a disciplina, não devemos fazer a crítica pela crítica, mas sim nos cercar de
fundamentos para fazer algo justo, verdadeiro e relevante.
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