Por
Cora Macedo
Dia 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual
de Crianças e Adolescentes e os profissionais do Centro de Referência
Especializado em Assistência Social (CREAS) de Petrolina realizaram uma mobilização
na Praça do Bambuzinho na referida data. O Blog Edenevaldo Alves publicou a
iniciativa e, embora não tenha crédito, o texto claramente é de assessoria e
isso pode se comprovar quando colocamos o título no Google e achamos em outro blog local exatamente as mesmas palavras, mas dessa vez com o crédito para a
"Ascom".
O
papel da assessoria foi feito informando a ação - mas sendo o assessor um
jornalista cabe tomar para si a presente crítica. Será que um assunto tão
importante não merecia ser mais problematizado pelos meios de comunicação? Foi
o o
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes! Não caberia dizer que esse dia foi escolhido
por conta do caso de Araceli, uma menina de 8 anos que foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada em 1973 no
Espírito Santo? O corpo dela foi achado carbonizado 6 dias depois de ter sumido
e os responsáveis nunca foram punidos. Quantas Aracelis não estão por aqui
hoje?
Será
que numa matéria sobre o dia 18 de maio não caberia a um jornalista dar os
números de quantas crianças sofrem com isso todos os dias? Crianças e
adolescentes que são violadas psicológica e sexualmente inclusive em Petrolina?
Números sempre são bem-vindos já que trazem uma noção quantitativa do que
realmente acontece. E ao citá-los, é importante ressaltar que com certeza são maiores,
posto que muitos casos não são registrados pelos mais diversos motivos, logo não
podem ser quantificados.
Não
caberia colocar o que é considerado abuso, exploração e violência sexual? Não
caberia colocar como prevenir? Como perceber que a criança pode estar passando
por esse tipo de situação? E como denunciar? Na matéria não diz.
Aproveito
esse espaço para dizer que, por favor, caso perceba que alguma criança ou
adolescente pode estar passando por uma situação de exploração, acione a
delegacia do seu bairro ou sua cidade, entre em contato com o Conselho Tutelar,
ligue para o Disque Denúncia Nacional, vinculado à Ouvidoria Nacional de
Direitos Humanos - disque 100. Quem se cala também é agressor. Quem tem as
informações e não informa para tentar ajudar de alguma forma também é agressor.
Participar da
disciplina de Crítica da Mídia, publicar textos sobre a produção local num blog
denominado "Observatório da Mídia do Vale do São Francisco" e mesmo
desenvolver um evento com jornalistas da região gera uma responsabilidade
grande, já que não poderemos dizer que não sabíamos como deveria ser.
O
exercício de analisar a mídia local não é tão fácil quando se quer desenvolver
uma crítica embasada e não só por outras questões, quaisquer que sejam.
Enquanto futuros jornalistas, atividades como essa ou a discussão com
produtores de notícia da região - como no caso do 2º Seminário de Crítica da
Mídia - geram um ambiente de crescimento. A partir do momento que conseguimos
ver o que pode ser melhor na produção jornalística, quando estivermos
efetivamente no mercado de trabalho, precisamos tentar ao máximo colocar em
prática aquela forma melhor que pensamos. Sem violentar, expor ou omitir.
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