sábado, 21 de maio de 2016

Jornalismo não se faz de uma fonte só


Por Vanessa Luz

Há um debate urgente a se fazer: quais as diferenças entre o fazer jornalístico de alguns blogs regionais e qualquer outra forma de jornalismo?

Ao meu ver nenhum. Realizar apurações é um quesito básico na produção de qualquer produto jornalístico. Então o que dizer de uma matéria como essa: http://blogedenevaldoalves.com.br/vereador-denuncia-juazeiro-nao-possui-selo-federal-para-realizar-o-abate-de-carnes-de-outro-estado/. Trata-se de uma denúncia realizada pelo vereador Ronaldo Souza (PTB), única fonte, sobre a falta de autorização federal do Matadouro Público de Juazeiro, para comercialização de carne interestadual.

Apuração é um dos estágios do processo da produção jornalística, no qual se procura informações que possam ou não ser empregadas no texto final. Entram nesse procedimento, ir até o local dos acontecimentos, ouvir envolvidos, pesquisar documentos, entrevistar  FONTES. Mas não é o que vemos, não apenas nessa matéria ou blog, mas em tantas outras e outros, intitulados jornalísticos.

Vale lembrar que o fazer jornalismo é cheio de tramas, redes de forças e rotinas de trabalho que fazem com que a notícia ultrapasse as expectativas de mera informação. No que se refere aos Observatórios da Mídia, eles surgem como agentes de encorajamento à reflexão e à participação da sociedade em prol de uma democratização e conscientização para um melhor desenvolvimento dos meios de comunicação e do jornalismo, um espaço crítico para debater temas e expor opiniões com embasamento. 


Essa não singularidade serve-nos para questionar e procurar despertar as potencialidades do jornalismo feito na região. É importante pesquisar e produzir conhecimento sobre esses temas para que possamos reivindicar um outro modelo de jornalismo, que vá além de categorias como assassinato, denúncia, roubos, acidentes ou releases. Esses meios devem ser analisados e repensados sobre seu papel e consequências, seja no sistema produtivo da mídia ou na sociedade.

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