sábado, 21 de maio de 2016

Tutorial de como fazer campanha eleitoral sem fazer campanha eleitoral

Por Karen Lima

A disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores de Petrolina, já rende matérias de promoção de pré-candidatos. O exemplo disso é a matéria com o título "Aos 21 anos, estudante petrolinense vai tentar pela primeira vez uma vaga na Casa Plínio Amorim: 'Renovação'", publicada no Blog do Carlos Britto, ontem (20). A matéria do blog consegue desenhar um perfil para o pré-candidato, Manoel Ferreira (PSDC), relacionando ele à ideia de uma pessoa contra a corrupção, que é humanizada preocupada com o povo, e que é símbolo da juventude, possibilitando uma renovação e esperança no atual cenário político.
Tudo isso é feito através de falas selecionadas do próprio pré-candidato. Depois da autopromoção, clara no texto, fica a sensação de que sua campanha política já começou e esta matéria é um exemplo disso. Isto fica ainda mais claro ao se ler, na matéria, comentários de leitores como: "gostei da ideia desse candidato", "já tenho em quem votar", "comungo dos pensamentos dele, pena que já tenho em quem votar", "vai com Deus garoto e sempre com a verdade na frente…".
Mas seria um Blog, que se vende como jornalístico, o espaço coerente para um texto que enaltece um pré-candidato? Uma matéria em que informa a sua candidatura e usa o próprio político como fonte? Que não se aprofunda em sua trajetória política, que não traz dados, não busca outras fontes de conhecimento?  São estas questões que nos chegam à mente ao ler, criteriosamente, as produções jornalísticas que temos contato no dia-a-dia. 
O hábito de refletir, analisar e se embasar para, assim, poder criticar. Esta foi a proposta da disciplina "Crítica da Mídia", que foi desenvolvida por meio de leituras sobre o papel do jornalismo e o como ele vem sendo realizado, tanto no âmbito local, como nacional. A experiência de um observatório da mídia, traz um aprofundamento dessas análises realizadas em salas de aula, sendo um espaço para aprendermos, como estudantes de jornalismo, que logo mais estarão no mercado de trabalho atuando como profissionais, como para a população saber o que se é discutido na universidade. Muito além disso, para que a população tenha conhecimento de  um outro olhar sobre o que circula em suas redes sociais, nos portais de notícias e jornais que consomem. Precisamos construir mais espaços de discussão para que todos os olhares, ainda que olhares, vejam, mas também possam ser voz.

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